Quando devemos

O que é mesmo dever?

De acordo com o Dicionário Informal (http://www.dicionarioinformal.com.br/dever/), a palavra dever é um verbo da segunda conjugação e tem como significado:

"Ter por obrigação; estar obrigado a; ser devedor de; estar em agradecimento; ter de; ser provável; ter dívidas; obrigação de fazer ou deixar de fazer alguma coisa, imposta por lei, pela moral, pelos usos e costumes ou pela própria consciência."

Mas aqui, como estamos tratando de devaneios meus, podemos entender que a palavra dever pode significar muitas obrigações:

Estaria eu então querendo falar sobre o dever de amar alguém?
Dever sentir carinho por alguém?
Dever sentir afeto por alguém? 
Dever ter respeito por alguém?
Dever ter consideração por alguém?
Talvez sim, talvez não.
Aqui, hoje é mais sobre dever dinheiro mesmo. Mas dependendo do ângulo em que a situação for analisada, pode-se entender que dever dinheiro a alguém está diretamente ligado com a falta ou não de amor, carinho, afeto, respeito ou até mesmo consideração.
Taí, acho que o dever que eu não sinto para comigo, neste caso é justamente a consideração.
Uma coisa eu aprendi: não devemos emprestar nada para ninguém esperando que esta pessoa te devolva o bem que fora emprestado.
E eu juro: aprendi sofrendo na carne.

Lá por volta dos meus 18 anos, eu tinha uma amiga, que eu adorava. Por questões de consideração, não vou revelar seu nome, mas vamos dar a ela o apelido de "A".
A "A" era uma pessoa que eu adorava estar junto. Nos conhecemos ainda no tempo da 1ª comunhão... (sim, eu fiz 1ª comunhão, já com quase 14 anos, por entender que tinha de fazer... era importante... *sic) Ela sempre teve problemas de relacionamento com seus pais (eram separados) e eu, por entender que tinha uma boa estrutura familiar e era super bem resolvida com meus pais (um dia eu conto a história), acabava por dar um "suporte" emocional pra ela.
Mas quando eu tinha 18 anos, as coisas era diferentes. Eu já trabalhava fora, estudava de noite e era apaixonada por ir a CTG's. A mãe da "A" era (não sei se ainda é viva, mas é uma pessoa muito bacana) costureira e sempre dava uns descontos no "feitio" do vestido.
Certa feita, a mãe da "A" trouxe umas capas, destas de tricô de máquina, para vender. Eu fiquei com a capa de cor preta e a "A" ficou com a capa de cor vermelha. 
A capa custou R$ 200,00. Como eu recebia por semana, paguei semanalmente R$ 50,00, que eu mandava pela "A" para pagar a mãe dela.
Quando chegou na última parcela, a mãe da "A" me chamou e perguntou quando que eu iria começar a pagar a capa. Confesso que fiquei surpresa, pois na minha cabeça, eu já estava pagando a última parcela... como meu ordenado era baixo, eu fiquei superfeliz quando terminei de pagar a capa.
Resumindo a história pra não ficar triste e nem entrar em detalhes chatos de lembrar, a "A" pegou o dinheiro pra ela para gastar com uma farinha não muito auspiciosa para uma garota de 17 anos e não pagou a minha capa. Tive de conversar com a mãe da "a" e explicar a situação.
A partir deste ponto eu tinha dois caminhos a seguir: dar as costas e terminar com a amizade ou dava atenção a um ponto importante e continuava a amizade. Segui pelo segundo caminho... sabe a farinha branca? Jurei que ajudaria a "A" a largar daquilo. Após muitos porres de uísque ruim e barato, posso dizer que cumpri o meu objetivo.
A amizade sucumbiu após outros roubos, inclusive de roupas, misturados com alguns desentendimentos... enfim... acabou no momento em que tinha de acabar.
Aí eu pergunto: será que eu aprendi que as pessoas não levam em consideração a amizade que tu dispende e se aproveitam de ti? Resposta: NÃO!

Em uma outra oportunidade, emprestei um valor considerável para uma pessoa, que tenho no meu coração (de verdade), pedi para essa pessoa me avisar que, se não pudesse me pagar, que me avisasse. Eis que ela avisou a primeira vez... as demais parcelas, até hoje não sei, não vi e nem ouvi falar. Um dia eu estava muito chateada e resolvi abrir meu coração para esta pessoa, dizer que estava com problemas financeiros. Como resposta, ela achou que eu estava cobrando ela e então me disse que eu fazia parte de uma planilha de devedores e que um dia chegaria a minha vez.
Passei de primeira opção no momento do desespero para uma posição qualquer na planilha de devedores.
Os pormenores não vale a pena aqui escrever... não neste momento.
Fiquei tão triste que pedi encarecidamente a esta pessoa, já que ela não ia me pagar, então que nunca mais tocasse no assunto.
Hoje nos damos muito bem, mas o assunto ficou guardado. Passei por cima de tudo em nome da amizade, mas dinheiro, nunca mais. 
Aí eu pergunto: será que eu aprendi que as pessoas não levam em consideração a amizade que tu dispende e se aproveitam de ti? Resposta: NÃO!

Em mais uma oportunidade, ajudei outra pessoa.
Esta me doeu mais ainda porque sabia do caso anterior e criticava a pessoa por não honrar a dívida e ainda me colocar em uma planinha de devedores (confesso aqui que até hoje não engoli esta frase).
Ajudei uma vez, ajudei outra... e o que eu ganhei? Um sonoro... ai amiga não sei o que faço!
Recebi até algumas parcelas, mas o pior foi ajudar e acompanhar o crescimento da pessoa e sempre que sobrava alguma grana, ela sempre priorizava outras coisas e não o pagamento da dívida que tem comigo.
Aqui também não vale a pena falar sobre detalhes, pois continuamos mantendo relações de amizade e, se tem coisa que eu levo em consideração são as minhas relações de afeto.
Aí eu pergunto: será que eu aprendi que as pessoas não levam em consideração a amizade que tu dispende e se aproveitam de ti? Resposta: FIQUEM PASMOS: SIM!

Hoje eu aprendi! Eu não empresto dinheiro (de nenhuma forma), eu não dou amor, eu não demonstro afeto, eu não respeito e não dou a minha consideração a ninguém esperando algo em troca. Se a pessoa não for capaz de entender o quanto ela significa pra ti, ela nunca vai te dar a mesma importância (mas este será um problema dela).

De minha parte, sigo tranquila e sempre grata a cada um que, em algum momento da vida, me estendeu a mão.

Até logo!



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